Não foi por acaso...

domingo, 20 de janeiro de 2008

Simplesmente um conto...

Valley

Há os galifões, os tímidos, os gralhas, os reservados, os gorduchos, os trinca-espinhas, os caixas de óculos, os pitosgas… os desdentados, os nódoa negras, os imaculados, os franjinhas, os porcalhotos… e há o Sacen que irradia um pouco de todos os outros e se destaca desses outros. Destaca-se pela sua complexidade. Candidez aparente a cada olhar ou pensamento que por Ali passa diariamente. Sorriem indiferentemente àquele olhar capaz de prender uma alma. Mas que não prende. Prende a extravagancia, o divertimento apenas. A essência é descurada pelos passos apressados de quem tem uma vida a ser vivida, comodamente.
Há outros igualmente e divinalmente complexos e especiais…Há outros que comovem. Há outros desejosos por serem ignorados, mas apenas à superfície. Entram e saem, berram e sorriem. Aquele Outro raramente permanece Aqui. Mantém uma postura delicada mas rígida demais para o seu ser. No outro dia completou o que havia de ser feito. No outro dia apenas.
Chove Lá fora. A agitação resultante sente-se a cada segundo, fracção de tempo quase indeterminado. O tempo detém-se. Somos almas que sentem, prendidas a cada essência que Ali hiberna. Mastiga-se algo, deita-se fora outro algo. Somos rodeadas e rodeamos tantas essências, que quase esquecemos a tarefa primordial que nos colocou Ali. Somos, frequentemente, confrontadas com esse esquecimento, que dá lugar a outras intencionalidades. È um confronto que não depende de nós. È um confronto quase exigido, agora partilhado.
O sol brilha Lá fora. Há risos, pancadaria, choros, berros, abraços, esfolanços. As essências resplandecem, absorvem o pormenor mais ínfimo de todos Eles. E absorvem. Quase se podiam tornar-se num Deles. Quase.
Há quem brinque ao faz de conta. Há quem simplesmente permanece Ali, observando o tempo que passa, onde os dias quase que são iguais. Mas não são.
Há quem grite, ralhe, sorria, ria, converse, ordene, console, ensine ou tente ensinar. Todos os dias. Todas as semanas. Todos os meses.
Toca. Apressam-se ou fingem apressar-se. Toca, a porta que se assemelha a uma cortina é fechada. Um mundo começa a desenvolver-se Lá dentro.
Toca e vai continuar a tocar neste Valley que já é nosso.

2 comentários:

Divinius disse...

A luz que te deixo é da cor da minha vida...)

Balzaquiana disse...

gostei da forma como retratas o sacen ehehehe